Causou polêmica o vazamento de fotos de Sérgio Nonato, ex-diretor de futebol do Cruzeiro, almoçando com o presidente Wagner Pires de Sá e o gestor de futebol Zezé Perrella em uma churrascaria de Belo Horizonte. Em grupos de WhatsApp, onde as imagens foram compartilhadas, surgiram especulações de que Serginho, embora tivesse pedido demissão do clube em 4 de outubro, continuasse a frequentar normalmente a sede administrativa do Barro Preto.

Perrella emitiu nota para esclarecer o teor do encontro. Segundo ele, “Sérgio Nonato não é mais funcionário do clube, porém existem contratos comerciais e outras decisões tomadas por ele” que a atual gestão precisava “entender, renegociar ou até renovar”.

Ainda de acordo com Zezé, a reunião ocorreu em um ambiente público porque Serginho não vai mais à sede do Cruzeiro. Haverá reuniões com outros profissionais que saíram do clube recentemente, de modo que a diretoria tenha “uma melhor ideia de reorganizar o Cruzeiro”.

Ex-comentarista do programa Alterosa Esporte, da TV Alterosa, Sérgio Nonato teve participação ativa na coordenação da campanha do presidente Wagner Pires de Sá, juntamente com o ex-vice-de futebol Itair Machado. Como recompensa por ter barganhado votos do Conselho Deliberativo, foi contratado para a diretoria de comunicação e, posteriormente, tornou-se diretor-geral, com forte influência no fechamento de patrocínios.

Na série de denúncias reveladas pelo Fantástico, da TV Globo, em 26 de maio, foi revelado que Sérgio Nonato recebia comissões sobre as transações concluídas - fato negado por ele. Em relação a salário, o primeiro valor era de R$ 60 mil, em abril de 2018. Em junho, foi reajustado para R$ 75 mil. Por fim, em dezembro, chegou a R$ 125 mil.

Em 24 de abril de 2019, o jornalista Jorge Nicola, em seu blog no Yahoo!, informou que Sérgio Nonato recebeu R$ 1,9 milhão do Cruzeiro em 2018, contando salários, luvas e premiações. O contrato assinado com o Cruzeiro ainda tinha cláusula de R$ 1 milhão se o diretor fosse demitido. O termo era unilateral e não previa a mesma indenização em caso de pedido de demissão, como anunciado em 4 de outubro.

Em um ano e dez mesesSérgio Nonato concentrou, ao lado de Itair Machado, boa parte das críticas da torcida do Cruzeiro nesse período de denúncias por supostos crimes de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e falsificação de documentos. Em sua defesa, o ex-diretor-geral alegou que sempre esteve fora de transações do departamento do futebol. “Nunca participei de uma única negociação de jogador, venda, compra ou renovação de contrato”, escreveu, em carta de despedida divulgada em outubro.