BHP é alvo de ação coletiva na Austrália por desastre de Mariana
Investidores alegam prejuízos e afirmam que companhia deveria ter informado sobre problemas na Samarco nos anos anteriores a 2015. Vista aérea do distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, após o rompimento de barragens de rejeitos da mineradora Samarco
Ricardo Moraes/Reuters
A empresa mineradora anglo-australiana BHP Billiton anunciou nesta segunda-feira (23) que foi notificada de uma ação judicial coletiva apresentada na Austrália, que a acusa de ter descumprido suas obrigações de informação aos investidores na letal catástrofe ambiental em Mariana (MG) em 2015 após o rompimento de uma barragem da Samarco.
A ação coletiva aberta na Austrália alega que houve problemas com a represa nos anos anteriores a 2015 e que a BHP deveria ter levado os riscos em conta e informado os investidores.
A ação aberta pelo escritório de advocacia Phi Finney McDonald reivindica perdas sofridas pelos acionistas da empresa entre outubro de 2013 e novembro de 2015.
O desastre provocou uma forte queda nas ações da BHP, motivo pelo qual cerca de 3.000 investidores se associaram para apresentar uma ação coletiva na Justiça. No período, as ações da BHP tombaram 22% na bolsa de Sydney e 23% em Londres e Joanesburgo.
“A ação coletiva buscará recuperar as perdas para os acionistas nesse período, no qual o valor de mercado combinado da BHP caiu mais de US$ 25 bilhões”, afirma o texto de apresentação do site criado para reunir interessados em se associar ao processo.
A BHP disse que irá se defender da ação apresentada no Estado de Victoria.
A BHP e a Vale, coproprietárias da Samarco, chegaram no mês passado a um acordo com as autoridades brasileiras para resolver uma ação civil de R$ 20 bilhões pela tragédia. O novo documento, chamado de TAC Governança, prevê maior participação dos atingidos na tragédia nas decisões referentes aos danos causados pelo rompimento da Barragem de Fundão, em novembro de 2015. O acordo “praticamente” extingue a ação civil pública de R$ 20 bilhões contra as mineradoras e suspende, por até dois anos, a outra ação civil pública, de R$ 155 bilhões.
A mineradora também concordou em financiar um total de US$ 211 milhões m apoio financeiro à Fundação Renova, criada para ajudar as vítimas do desastre.
Na semana passada, a BHP informou que espera registrar um impacto de US$ 650 milhões em seus resultados fiscais de 2018, devido ao rompimento, segundo a Reuters. A Vale também informou na semana passada que fará provisão adicional de R$ ,5 bilhão o balanço do segundo trimestre referente a obrigações pelo rompimento da barragem da Samarco.
O rompimento da barragem da Samarco, em Mariana, em 2015, deixou 19 mortos, centenas de desabrigados, e poluiu o rio Doce, que percorre diversos municípios até chegar ao mar capixaba.
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